Trabalhos aprovados GT06

GT06: Antropologia e Novas Mídias

Reunir trabalhos que reflitam ou desenvolvam o diálogo entre antropologia e novas mídias, trazendo para a discussão os avanços e especifidades da interdisciplinaridade nesse campo.

Coordenadores:
Francirosy Ferreira (USP) e Cláudia Turra (UFPel)
e-mails: francirosy@gmail.com; clauturra@yahoo.com.br


Trabalhos aprovados


Paisagem, sonoridades e hipermídia na pesquisa etnográfica

Viviane Vedana (Prof. Adjunta no Dep. Antropologia da UFSC)

O crescente interesse que o som de ambiências e paisagens tem suscitado nas ciências humanas, derivando em estudos de disponibilização de documentos sonoros em web sites e blogs, sejam estes documentos relacionados a narrativas ou entrevistas, músicas ou descrições do espaço e de suas práticas (os field records), nos indica a relevância de tomar o som como tema de debate num contexto de produções etnográficas em hipermídia. Partindo da concepção de “audição do mundo”, proposta por Rafael de Menezes Bastos, pretende-se neste paper debater sobre as modalidades de entendimento do som e da escuta que estão presentes nestes diálogos da pesquisa antropológica com sua disponibilização online, a partir da apresentação de algumas experiências sobre paisagens sonoras urbanas (escoitar.org, madridsoundscape.org e barcelona.freesound.org.). Sem investir na dicotomia entre visão e audição – ou na ideia da cultura visual sobredeterminando a cultura aural – objetiva-se compreender o som como fenômeno da experiência antropológica nestas abordagens.


Entre o corpo ritual e o corpo digital: Mediações da imagem sagrada no candomblé

Roderick Peter Steel (Mestrando, ECA- USP)

Esta pesquisa apresenta uma produção autoral e reflexão crítica sobre o projeto de uma série de instalações da exposição “Mediações, que apresenta registros de experiências e relatos documentais em imagens para evidenciar como as novas tecnologias alteram a prática religiosa. E refletir sobre a ressignificação de imagens sagradas do candomblé quando transitam entre meios audiovisuais e seus processos. A pesquisa objetiva seguir trajetórias de registros do corpo humano em transe por diferentes dispositivos em diversos meios eletrônicos, para reuni-los em uma exposição de fotografia, vídeo e documentário expandido em múltiplas telas e diversos espaços dentro de uma série de instalações. O estudo amplia fronteiras entre o registro documental do evento religioso e sua reconstrução dentro do espaço expositivo, criando teias de relações entre as linguagens do cinema, fotografia, artes visuais e antropologia em espaços arquitetônicos complexos para potencializar uma experiência imersiva e sensorial.


Hacia uma memoria ram: A Antropología na era de la imagem digital e as gramáticas do recuerdo e o olvido

Nicolás Camilo Zorro López (Mestrado, Universidad Autónoma del Estado de México)

Este trabalho apresenta os adiantos realizados durante meu mestrado em Estudos Visuais onde procuro fazer uma aproximação conceptual e metodológica aos processos de construção e representação da memória, através do uso de novas mídias, e desta maneira propor uma gramática do que José Luis Brea chama uma memória RAM. A metodologia é uma mistura entre etnografia experimental e a técnica artística do Atlas esta reflexão está centrada nas disposições da memória que se podem encontrar na era da imagem digital a traves do uso de montagem como método de pesquisa e de estruturação discursiva que permita fazer narrativas não-lineares e se possa abarcar narrativas marginais, do olvidado, do silenciado, do não se pode dizer. Se propõe que o uso de ferramentas de produção transmídia permite uma desconstrução da estrutura narrativa da memória pelo uso de distintos registros de representação, de montagem e de participação coletiva.


O livro digital de Fotografia: por uma interdisciplinaridade entre design gráfico, artes plásticas e antropologia visual

Cristiane Gusmão Nery (Docente, Universidade do Estado de Minas Gerais)

Esse trabalho versa sobre a busca por uma metodologia para o desenvolvimento de projetos editoriais que utilizem fotografias resultantes de pesquisas que tratam seus assuntos sob o viés da Antropologia Visual e que tenham a Internet como principal veículo de divulgação. Serão apresentados os projetos gráficos de dois livros digitais de fotografia: Imagens Fantásticas do Carnaval do Recife e Um Olhar sobre o Congado das Minas Gerais. O primeiro é a dissertação escrita para o Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Unicamp e teve por finalidade rever e repensar o legendário carnaval do Recife em outros parâmetros heurísticos. O segundo é resultado de um projeto realizado na Escola de Design/UEMG e teve como objetivo investigar a vivência e a hierofania das Festas das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário em Minas Gerais, amplamente conhecidas como Congado. Nos dois casos, as fotografias foram diagramadas juntamente com interferências gráficas, desenhos e ilustrações. 


A democratização da cultura afro-maranhense no espaço virtual

Prof. Dr. Sérgio F. Ferretti (PPGCS – UFMA)
Juliana Nogueira (Ciências Sociais – UFMA)
 
As constantes transformações tecnológicas norteiam cada vez mais a vida quotidiana das populações tornando-se indispensáveis no processo de desenvolvimento e propagação da informação. A Antropologia, como outras Ciências Humanas, têm se apropriado desse espaço na construção de um campo vasto e fecundo, para criar o que L Sansoni denominou de Democracia Virtual. O Museu Afrodigital do Maranhão constitui dispositivo de acesso fácil que estimula
a memória social de minorias étnicas através de suas varias galerias, mostra a importância das novas tecnologias na disseminação do saber, ajudando a compreender como as grandes transformações tecnológicas estão influenciando o cenário afro cultural. Ressaltamos como essa ferramenta virtual vem rompendo paradigmas e conquistando espaço como elemento aglutinador, valorizando a cultura afro maranhense e contribuindo com ações afirmativas na luta contra o preconceito racial.

Práticas sociais com o cinema: a utilização da rede virtual como ponto de partida para a pesquisa antropológica com jovens da periferia de São Paulo

Eveline Stella de Araujo (Doutoranda, FSP-USP)
Paulo Rogério Gallo (Professor Associado, FSP-USP)

A produção fílmica destinada para multiplataformas permite evidenciar que, para os jovens, os territórios “real” e “virtual” são complementares. Pretende-se salientar os elementos sócio-culturais das produções fílmicas de jovens da periferia de São Paulo, a partir dos curtas-metragens disponíveis na internet no banco de imagens da Associação Cultural Kinoforum, curadora do Festival Internacional de Curta-Metragem de São Paulo. Considerando a proposta de Roland Barthes sobre os planos retórico e funcional, a análise fílmica procurou relacionar a análise de conteúdo à poética utilizando as orientações de Penafria. Três eixos temáticos (religiosidade-espiritualidade; lazer-utilização do tempo livre; mobilidade-afetividade) emergiram das narrativas sociais dos filmes. Neste contexto, o trabalho em equipe estimulou a formação dos ‘coletivos’, que buscam legitimar direitos sociais, inclusive o de projetar a sua realidade nas telas e na Internet. A arte como um “espaço de diálogos e tensões interculturais” (Goldstein), que faz dialogar as categorias circuito e sociedade em rede.