Trabalhos aprovados GT02

GT02: Antropologia e Fotografia participativa

Abordar diferentes pesquisas que tenham como foco a fotografia participativa, discutindo seus diferentes modos de produção e recepção.

Coordenadores:
Barbara Copque (INARRA/UERJ) e Andréa Barbosa (VISURB/UNIFESP)
e-mails:  barbara.copque@gmail.com; acmmb66@gmail.com 


Trabalhos aprovados

Fotografía de la nostalgia: la fotografía como vehículo de la memoria en el taller de fotografía participativa de la ciudad de morococha

Claudia Holgado Chacón (Licenciada en Ciencias y Artes de la comunicación, con especialidad en comunicación para el desarrollo.  Pontificia Universidad Católica del Perú)

Morococha es un pueblo minero localizado en los andes del Perú a 4500 msnm en el departamento de Junín. En el año 2009, a través de un proceso de consulta popular, se determinó el reasentamiento de toda la población para dar paso a la ejecución del gran proyecto minero Toromocho (Ojos Propios 2012). Ante la inevitable pérdida de Morococha y antes del reasentamiento de la ciudad, se realizó una experiencia fotográfica a cargo la Asociación Ojos Propios con el objetivo de mantener viva la memoria de la ciudad y permitir a cada poblador narrar su experiencia en este proceso de cambio a través de la fotografía participativa. A partir de los testimonios de los autores y una muestra del trabajo realizado, la investigación  analiza la experiencia como un proceso de rememoración del espacio y el imaginario morocochano. Las imágenes producidas se convirtieron en representaciones simbólicas de la memoria y elementos  que promueven la reflexión colectiva  de los pobladores ante el proceso de reasentamiento.


Fotografia como dádiva: circulação e compartilhamento de imagens como formas de comunicação entre pessoas

Rafael da Silva Noleto (Doutorando em Antropologia Social – PPGAS/USP)
Marcus Vinícius Nascimento Negrão (Mestre em Antropologia – PPGA/UFPA)

Este trabalho objetiva problematizar o status da fotografia como ferramenta de comunicação entre pessoas. Dois contextos etnográficos distintos, localizados na Amazônia, servem como base para as reflexões aqui apresentadas: o ritual de “Iluminação dos Mortos” em Salinópolis (Pará) e os concursos de dança e beleza, realizados no período das festas juninas em Belém (Pará) e com amplo protagonismo feminino, homossexual e transgênero. A partir do registro fotográfico dessas duas experiências etnográficas, busca-se discutir as possibilidades de uso e de compartilhamento da imagem como elemento capaz de estabelecer vínculos entre o(s) antropólogo(s) e os seus interlocutores (os fotografados). Assim, a fotografia adquire o significado de dádiva, construindo relações de reciprocidade entre sujeitos e, mais do que isso, constituindo-se como uma forma de representação de si e da alteridade.


Trajetos imagéticos no extremo da cidade: a fotografia e Marsilac

Joelma Melo e Silva (Antropóloga, Mestranda no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Saúde Pública da USP)

Este trabalho pretende discutir a maleabilidade da fotografia como perspectiva de análise nas pesquisas sociais, contrariando a concepção estrita de apoio ilustrativo. A fotografia, assim como a pesquisa, se tangencia com a experiência de campo, modificando-se funcional e simbolicamente e influenciando significativamente o processo investigativo. O uso da fotografia por meio categorias móveis, cadenciadas situacionalmente, foi determinante na construção da metodologia da pesquisa sobre os modos de vida no bairro de Marsilac. Ainda, os métodos etnográficos e go-along (KUSENBACH, 2003), que pode ser traduzido como “caminhar junto com o pesquisado”, contribuíram com outras formas de inserir a fotografia no processo de pesquisa. O trajeto acompanhado pelas narrativas mostrou-se fecundo na análise das relações morador/lugar, onde subjetividades se misturavam com a concretude espacial. Estes registros fotográficos não eram escolhas arbitrárias, mas formas de transpassar as decisões temáticas do pesquisador.


O olho (im)perfeito da (pós)modernidade

Gilson Goulart Carrijo (Doutor em Multimeios pela Unicamp)

Este trabalho tem como eixo a noção de retrato compósito e sugere questões às novas possibilidades de fabricação dos corpos e, consequentemente, questiona as noções de identidade e identificação. Propõe paralelos entre aqueles que buscaram estabelecer um padrão único para o criminoso no século XIX e as pesquisas que objetivavam determinar a origem biológica para as sexualidades dissidentes, principalmente a homossexualidade durante o século XX. Dialoga com a fotografia 3x4, protocolo necessário aos documentos oficiais e com a noção de identidade. Embora não utilize o retrato de identidade como ponto de partida, as reflexões propostas por Annateresa Fabris (2004) possibilitaram pensar os sentidos aqui pretendidos. As sobreposições de imagens fotográficas impressas em transparências, com opacidade de trinta e cinco por cento, possibilita perscrutar a construção da identidade das travestis, deslocando o referente na imagem fotográfica e nas palavras. A dissolução transparente das imagens, a luz que perpassa o acetato oblitera, ilude e engana.


Fotografia e reflexão antropológica: um exercício a partir da deficiência visual

Andrea de Moraes Cavalheiro (Doutoranda - PPGAS/USP)

Este trabalho objetiva construir uma reflexão teórico-metodológica sobre os usos da câmera e da fotografia em minha investigação de mestrado sobre a deficiência visual. Especificamente, pretendo analisar alguns aspectos do processo fotográfico em minha pesquisa, considerando as diferentes temporalidades desde a chegada ao campo com a câmera até e a circulação das fotografias produzidas. Abordarei: a câmera e a inserção em campo; interações e a aquisição de papeis em função da câmera; a câmera e relações de poder; construção de dados em campo; construção e análise de dados com a fotografia; a fotografia e a dádiva; usos da fotografia pelos sujeitos e pelo pesquisador; aspectos da circulação das fotos; e a fotografia como devolutiva.


Fotografia e pesquisa: aprendendo a “olhar sobre os ombros”

Mariana Leal Rodrigues (Doutora em Ciências Sociais pelo PPCIS/UERJ e professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

No estado do Rio de Janeiro, há centenas de grupos de mulheres voluntárias que produzem remédios com plantas medicinais, vendidos a preço de custo ou doados. Organizados em uma associação, a Rede Fitovida, reivindicam o reconhecimento de seus saberes como patrimônio imaterial. Produzir fotos e registros audiovisuais é atividade prevista nas políticas de preservação de bens imateriais. Com base nas pesquisas realizadas de 2006 a 2013, proponho debater a produção de fotografias como um meio de refinar a atenção do etnógrafo (GRASSENI, 2004:12) que possibilita a descrição analítica aprofundada e a explicação sistemática de aspectos específicos registrados. Documentar práticas cotidianas requer um treinamento do olhar, ou seja, é um exercício de “olhar sobre os ombros”, como mencionado por C. Geertz (1989), que pode contribuir para a construção de identidades. Esse processo inclui a restituição das imagens, o contradom mais imediato da troca antropológica (PEIXOTO, 2000) que amplia a relação de reciprocidade.